quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Manchete Sensacionalista Coloca TAM e GOL Entre as Mais Perigosas do Mundo



Definitivamente, imprensa brasileira e aviação são como água e óleo, imiscíveis. Desta vez está rolando na internet a manchete sensacionalista que dá conta de um ranking divulgado por uma empresa de consultoria alemã chamada J.A.C.D.E.C. - Jet Airliner Crash Data Evaluation Centre e que colocaria a TAM e a GOL entre as menos seguras empresas aéreas do mundo.
Inicialmente cabe colocar que a pesquisa foi feita comparando unicamente as 60 maiores empresas aéreas do mundo na atualidade e que, portanto, não podemos considerar como sendo um medidor das empresas mais ou menos seguras de todo o mundo. Claro que, pelo índice criado, as brasileiras ficam nas últimas posições entre as companhias listadas, porém, ainda assim, existem vieses na análise.
A JACDEC não abre sua metodologia, porém cita que comparou o desempenho das empresas ao longo de 30 anos, ponderando o total de quilômetros voados, passageiros transportados, a data e o local dos acidentes, mas negligencia alguns fatos: o que mais está próximo de nós, brasileiros, diz respeito à GOL, que entra como uma das mais perigosas tendo tido um único acidente e no qual ela não teve a menor culpa (caso da colisão com o Legacy).
Tudo isso foi um prato cheio para que um jornalista "iluminado" colocasse assim no título de sua matéria: "TAM e GOL entre as companhias menos seguras do mundo". Pelo que acompanhei, muitos leitores dos sites que divulgaram essa notícia se manifestaram invariavelmente a favor da reportagem, motivados pela notícia de surpresa. Isso mostra o quão imatura e nociva pode ser a imprensa quando divulga um artigo de um assunto que não domina e quando procura criar uma manchete sensacionalista para chamar a atenção.
Em que pese o fato da consultoria estar em operação desde 1989,seu site parece pouco profissional, remetendo aos primórdios da internet, isso não é demérito para a pesquisa, porém. Seria interessante se tivéssemos mais detalhes sobre a metodologia para podermos opinar com mais embasamento.

Nota ABEAR
Com relação a um levantamento divulgado pela consultoria alemã Jacdec, que inclui as associadas da ABEAR GOL e TAM em posições ruins em um ranking de índice de segurança, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), que reúne AVIANCA, AZUL/TRIP, GOL e TAM, entende que tal levantamento de maneira alguma reflete a situação atual de segurança das companhias aéreas.
A metodologia do referido ranking leva em conta apenas os acidentes das companhias aéreas nos últimos 30 anos e o número de mortes, sem considerar qualquer iniciativa, certificados, auditorias de órgão independentes ou qualquer outro procedimento de segurança adotado pelas companhias. Ou seja, não é uma avaliação de segurança, apenas um apanhado sobre acidentes. “Esta entidade faz um levantamento do histórico de acidentes, considerando também o número de fatalidades envolvidas, e este índice realmente não avalia o nível atual de segurança de uma empresa aérea. O padrão utilizado não traduz a situação de segurança ou insegurança de uma empresa”, explica Ronaldo Jenkins, diretor de Segurança e Operações de Voos da ABEAR.
A indústria do transporte aéreo teve, em 2012, seu ano mais seguro desde 1945 (quando as estatísticas começaram a ser coletadas) e o Brasil não foi diferente; não tivemos nenhum acidente aeronáutico a lamentar.
Ambas as empresas citadas, além de seu histórico de 2007 até hoje sem acidentes, passaram recentemente por Auditoria de Segurança Operacional da IATA (Associação Internacional das Empresas Aéreas) e obtiveram o certificado IOSA, em sua plenitude.
“As associadas ABEAR possuem frotas de última geração e a autoridade aeronáutica brasileira é uma das mais respeitadas do mundo, portanto, os aviões das empresas aéreas brasileiras, ao serem certificados por tal, são de total segurança operacional”, frisa Adalberto Febeliano, consultor da entidade, lembrando que “muitas consultorias desenvolvem metodologias para avaliar o grau de risco que não tem suporte técnico adequado. Nenhum profissional do setor leva a sério essas listas e rankings de empresas mais ou menos seguras. Elas normalmente são elaboradas a partir de dados históricos, não refletem em absoluto as práticas correntes de segurança das empresas aéreas e não avaliam em absoluto o nível de segurança praticado”.



Foto: Igor Santorsula / Aeroin

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