segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Objetos Avistados em Busca Por Avião da AirAsia Não São da Aeronave




Os objetos avistados por um avião de reconhecimento australiano quando procurava o Airbus 320-200 da AirAsia que desapareceu no domingo (28) quando voava desde a cidade javanesa de Surabaya até Cingapura não são da aeronave desaparecida, informaram as autoridades da Indonésia.
As buscas foram encerradas na noite desta segunda (manhã no Brasil) devido à falta de visibilidade, e devem ser retomadas nesta terça-feira (30).
O anúncio foi feito pelo vice-presidente da Indonésia, Jusuf Kalla. "Foi verificado e não há provas suficientes para confirmar estas informações", disse Kalla em uma coletiva de imprensa no aeroporto de Surabaya, de onde saiu na madrugada de domingo o avião desaparecido.
Mais cedo, foi informado que o objeto avistado pelo Orion P se encontrava a cerca de 700 milhas (1.127 quilômetros) da última posição conhecida do avião desaparecido, informou a mídia local.
Mais de 24 horas após acidente, ainda há muitas dúvidas sobre o que aconteceu exatamente com o avião e sobre o que teria causado o seu 'sumiço'. A BBC Brasil lista aqui algumas das principais perguntas e respostas a respeito do acidente.
O que pode ter acontecido?

Ainda é muito cedo para saber exatamente o que aconteceu, mas há algumas hipóteses. O avião estava na parte mais segura do voo — apenas 10% dos acidentes fatais de 2004 a 2013 ocorreram enquanto o avião estava em altitude de cruzeiro (quando o avião está com velocidade e altitude estabilizadas a cerca de 11 mil metros do chão) de acordo com um estudo de segurança publicado pela Boeing em agosto.
O fato de o Airbus A320-200 da AirAsia estar atravessando condições climáticas ruins, com grandes tempestades, quando desapareceu, pode ser um dos motivos que explicam o sumiço. Mas modelos de jatos Airbus têm computadores sofisticados que automaticamente se ajustam ao vento e a outras intempéries meteorológicas. Ainda assim, o tempo ruim somado a eventuais erros do piloto já causou desastres aéreos no passado na altitude de cruzeiro, incluindo o voo da Air France 447 que ia do Rio de Janeiro a Paris e caiu no oceano Atlântico em 2009.

Outra possibilidade é ter ocorrido algum tipo de fissura de metal catastrófica causada pelo ciclo de pressurização e despressurização associada a cada ciclo de decolagem e pouso. Este A320 teve 23 mil horas de voo e 13.600 pousos e decolagens. Muitos ocorreram em clima úmido, o que acelera a corrosão. Ainda assim, é improvável que a fissura do metal tenha causado o acidente porque esse avião tinha apenas seis anos de uso.
Finalmente, há a possibilidade de ter sido um ato de terrorismo ou um assassinato em massa causado pelo piloto. Não há provas de nada disso até agora, mas nenhuma hipótese pode ser descartada.

O que o piloto disse para a torre de controle?

A última comunicação feita entre o piloto e a torre de controle foi às 6h13 da manhã deste domingo (horário local). Quando o piloto "pediu para virar mais para a esquerda e subir até 34 mil pés (10.360 metros) para evitar as nuvens." O último contato com o radar aconteceu três minutos depois.

Não houve pedido de socorro, mas os pilotos são treinados para focar primeiro na medida de emergência que têm em mãos para depois eventualmente fazerem um pedido de socorro à torre.
Seria o terceiro jato da Malásia a cair só neste ano?

Mais ou menos. O voo 370 da Malaysia Airlines desapareceu com 239 pessoas a bordo logo depois de ter decolado de Kuala Lumpur para ir a Pequim em 8 de março. O que aconteceu com ele ainda segue sendo um dos maiores mistérios da história da aviação. Outro voo da Malaysia Airlines, também um Boeing 777, foi abatido quando sobrevoava a parte da Ucrânia que está controlada pelos rebeldes, na rota Amsterdã-Kuala Lumpur, no dia 17 de julho. Todas as 298 pessoas a bordo morreram.
A AirAsia também tem sede na Malásia, mas o voo 8501 era operado pela AirAsia da Indonésia, uma subsidiária da empresa da Malásia. Assim, teoricamente é uma companhia aérea da Indonésia, mas a marca AirAsia está intimamente ligada à Malásia.
Há alguma relação entre esses três acidentes?

Não. É apenas uma coincidência muito desagradável para o sudeste da Ásia. Mas isso não impede as teorias da conspiração de se espalharem. Novas suposições sobre o que aconteceu com o voo 370 — algumas lógicas, outras bizarras — continuam aparecendo. Caso não seja resolvido, o mistério do desaparecimento do voo QZ-8501 também chamará ainda mais atenção e criará uma nova gama de hipóteses e possibilidades.

Até onde o avião pode ter voado?

Olhando os documentos do voo, o avião tinha mais de 18 mil kg de combustível de avião na decolagem, o suficiente para voar cerca de três horas e meia, de acordo com Phil Derner Jr., o fundador do site de aviação NYCAviation.com e despachante de voo de uma companhia aérea dos Estados Unidos. Ele alerta que essa quantidade é menor do que a maioria dos aviões carrega quando voa de Nova York para a Flórida (menos de 3 horas de voo).
O Airbus A320 é seguro?

Esse avião é um 'burro de carga' da aviação moderna. Semelhante ao Boeing 737, de corredor único, o jato bimotor é usado para ligar cidades em qualquer lugar que variam de uma a cinco horas de distância. Há 3.606 aviões do modelo A320 em operação no mundo, de acordo com a Airbus. A empresa fabrica também versões quase idênticas do avião — o menor, A318 e A319, e o maior, A321.
Um adicional de 2.486 desses jatos está voando também. A família de jatos A320 tem um histórico de segurança muito bom, com apenas 0,14 acidentes fatais por milhão de decolagens, de acordo com o estudo de segurança Boeing.
E a AirAsia? É uma empresa boa?

A AirAsia é uma empresa de baixo custo que tem uma forte presença no sudeste asiático e mais recentemente expandiu-se para a Índia.
A maioria dos voos que ela faz é de apenas algumas horas de duração, ligando uma cidade à outra. Ela tem tentado se expandir para voos de longa distância por sua própria companhia aérea AirAsia X.

Nenhuma de suas subsidiárias teve um avião desaparecido antes e, de um modo geral, a companhia tem um bom histórico de segurança. No entanto, ela atua em uma parte do mundo onde o transporte aéreo tem se expandido mais rápido do que o número disponível de pilotos, mecânicos e controladores de tráfego aéreo qualificados.
Voar na Indonésia é seguro?

O país tem um histórico de segurança aérea irregular. Em 2007, os padrões de taxas de segurança e de acidentes aéreos eram tão ruins que a União Europeia proibiu todas as companhias aéreas da Indonésia de voarem para qualquer um de seus países membros. A proibição acabou em 17 de agosto de 2009. No entanto, a principal companhia aérea da Indonésia — e a que cresceu mais rapidamente —, Lion Air, ainda é proibida pela UE.
Quão importante é o transporte aéreo pra a região?

Para muitas pessoas, é a única opção. A Indonésia é um país-arquipélago de 250 milhões de pessoas. Para ir de uma ilha para outra, a maneira mais fácil é voar.
Como a economia decolou na região, há um número cada vez maior de pessoas viajando de avião. A Associação Internacional de Transporte Aéreo recentemente nomeou a Indonésia como um dos cinco mercados de viagens aéreas que mais crescem no mundo.
Além disso, rotas na região asiática devem receber um adicional de 1,8 bilhão de passageiros até 2034, segundo uma previsão da mesma associação — o mercado total seria de 2,9 bilhões de pessoas. Em duas décadas, a projeção é de que a região englobe 42% do tráfego mundial de passageiros.
O aumento do tráfego aéreo reflete o rápido crescimento econômico da região. O FMI (Fundo Monetário Internacional) espera que as economias do sudeste asiático da Indonésia, da Malásia, das Filipinas, da Tailândia e do Vietnã cresçam coletivamente 4,7%, em 2014, e 5,4%, em 2015 — uma taxa de crescimento inferior apenas à de China, Índia e África subsaariana.

Fonte: R7.com

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