quinta-feira, 11 de junho de 2015

Como é Planejado e Executado Um Voo?


Olá senhoras e senhores, já se perguntaram como um simples voo de 45 minutos ou mais, que você pega para ir a uma reunião ou passeio, é planejado e executado? Como aquele pequeno voo para acontecer precisa de várias pessoas trabalhando em conjunto, para tudo está ao seu melhor conforto e alcance? Acho que alguns não devem ter a noção de como é feita a preparação de um simples voo desse envolvendo tripulantes, funcionários da empresa e coordenação de controle de trafego aéreo e outras atividades. Está curioso? Vamos lá fazer uma pequena viagem lendo estes procedimentos.
Vamos a um lugar bem movimentado onde vários voos acontecem ao mesmo tempo, vários destinos, vários aviões em solo, iremos dar um passeio na ponte aérea Rio-São Paulo, esta rota que existe a muito tempo e que diariamente centenas ou milhares de pessoas passam, com o objetivo de trabalho, passeio ou outra ocasião. Irei simplificar como sempre, para não estender muito o assunto, e que para aqueles que não entendem bem, possam compreender.
As companhias aéreas são bem organizadas, partindo para a parte da tripulação, onde moram, como fazem para chegar até o voo. Toda empresa aérea tem um aeroporto principal, este é como sua sede, lá se concentra seu centro de escalas, conexões e maior parte de seus escritórios, até mesmo seu centro de manutenção, este tem o nome de HUB, cada empresa tem o seu, e não é só um, pode ser o quanto for necessário, até mesmo fora do país. Mas vamos nos concentrar na tripulação. Todo piloto ou comissário da empresa, tem uma base operacional, como vamos dar exemplo da ponte aérea, vamos colocar a base no aeroporto de São Paulo, Congonhas. Bem antes do voo partir, umas 3h antes, estes já estão se preparando para sair de casa, encarar o transito como qualquer outro ser humano e ir ao seu “escritório” pois bem, a tripulação não chega ao aeroporto e diretamente vai ao avião, assina papeis e decola. Antes disso tudo ele chega ao aeroporto, geralmente 1 hora antes do voo, onde verifica sua escala de voo, se irá dormir em outra cidade, qual rota irá fazer, disso ele já sabe antes, mas checam pois pode ter ocorrido alguma mudança, e quais os outros tripulantes irão lhe acompanhar. Dando referencia ao Comandante, ele irá analisar a rota, São Paulo – Rio de Janeiro, equipamento, Boeing 737-800, e verificar as condições meteorológicas, quais as pistas previstas em uso, se há mal tempo na rota ou no destino, se será necessário algum desvio. Também irá checar as informações aeronáuticas dos aeroportos que irá operar, se tem restrições, pistas com suas demissões atuais, se há alguma delas fechadas, entre outros. É bom lembrar que o copiloto pode fazer esta função, o nome copiloto é apenas uma nomenclatura a um piloto da tripulação, este tem o mesmo conhecimento sobre o avião como o comandante, pode pousar e decolar, tanto sozinho como em caso de emergência, ele pode gerenciar todo o voo no avião, fazer tudo e o comandante apenas auxiliar, a diferença de um para o outro está somente na experiência, pois o copiloto também pode ser um comandante, caso chegue a operar um avião menor, com outro piloto menos experiente.
Após todas essas verificações, o comandante irá reunir toda a tripulação de seu voo e passar as instruções. Após isto irá se direcionar a aeronave para preparar o avião. Antes de chegar ao avião uma equipe em solo já limpou o avião, e o mecânico deixou o avião ligado pronto para os pilotos assumirem, e prepararem seu voo.

Antes dos pilotos prepararem o voo, um cara já faz isso, é o chamado DOV ( Despachante Operacional de Voo) esse também tem um conhecimento específico da aeronave e planeja toda a rota, verifica novamente as atuais condições meteorológicas em forma de códigos e imagens, imprime e passa para os pilotos. Recebe também o peso previsto para o voo, e este faz um calculo chamado peso e balanceamento, isto é fundamental para um voo ocorrer, pois os pesos devem estar distribuídos de forma correta no avião, calcula também o combustível a ser utilizado no voo, e que deverá ser abastecido, calcula o tempo estimado, faz o plano de voo ( no caso de linha aérea, existe um chamado RPL – plano de voo repetitivo, onde estes acontecem com frequência pelo mesmo operador e equipamento com intervalo de no máximo 15 dias). Após tudo isso ele passa para o chamado pista, que é o encarregado de entregar esta papelada aos pilotos e informar a equipe de solo os procedimentos a serem concluídos e já concluídos. Enquanto você faz seu check-in tudo isto está sendo preparado, as vezes o DOV adianta o seu planejamento do voo. Acho que agora dá para entender que é necessário estar uma hora antes do voo no aeroporto, e que 30 minutos antes da partida não se faz mais o check-in. Este tempo pode ser reduzido, depende se todo planejamento já foi feito, pois como falado acima precisa ser feito o peso e balanceamento do avião, caso esteja incorreto isto pode resultar em tragédia. Então faltam 20min para o avião iniciar o voo, é liberado o embarque, e os comissários já estão prontos, sendo que o serviço de bordo já foi reabastecido, e o avião está limpinho esperando seus passageiros. Enquanto isso já foi liberado o abastecimento de combustível, acho que já está concluído, e então os pilotos recebem através do pista, antes do embarque, toda a documentação do voo, informando quantidade de idosos, se há necessidade especial como alguma pessoa recém operada, se haverá transporte de carga de animais ou líquidos inflamáveis, e junto o peso do avião, para assim poder configurar os computadores de bordo do avião, este tem várias nomenclaturas, varia de fabricante.

Boeing 737-700 PR-GIG Sendo Preparado pela equipe de solo da PROVÔO Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo.
Então já que todo serviço de solo foi feito, aguardando apenas o carregamento da bagagem e embarque dos passageiros, os pilotos solicitam ao controle de tráfego aéreo a autorização do plano de voo, no caso de São Paulo, é dividido, para autorizar o plano de voo os pilotos chamam uma posição chamada Clearance no Inglês ou Tráfego no Português. Na autorização  do plano de voo, eles recebem a pista em uso, a saída prevista, esta saída é um caminho a ser feito até chegar na rota, o nível de voo, código transponder (este código cada avião recebe um antes do voo, para que seja identificado no radar posteriormente) e a próxima posição a chamar e a frequência da posição a ser chamada após a decolagem.
Embraer 195 PR-AYV sendo preparado pela equipe de solo da Quality Ground Handling


Quando todos embarcarem, os pilotos recebem mais papeis informando as pessoas a bordo, e as informações de carga, e combustível abastecido para a etapa, então o comandante assina, e o avião é liberado, as portas são fechadas, os computadores são programados para a rota, com o peso, combustível, rota, saídas, condições meteorológicas, velocidades e outras funções. Após uns 5min ele está no ponto de espera ( nome denominado a uma barra para aguardar outros tráfegos em pouso ou decolagem, esta barra é pintada permanentemente no solo ).
Ao ser autorizado alinhar na pista e decolar, os pilotos aplicam quase toda a potencia nos motores na curta pista de Congonhas, e após segundos o avião está no ar, é anotado o horário da decolagem e agora toda atenção dos pilotos é voltada a operação do avião, sendo que óbvio, sempre que possível uma distração para se não se estressar.
Confiram o vídeo da decolagem de um Airbus da TAM de Congonhas.



Depois disso todo o voo irá fazer a rota coordenando com o controle de tráfego aéreo, onde está sujeito a mudança de rota, esperas e mudanças de velocidades, ao se aproximar do destino, Rio de Janeiro, aeroporto do Santos Dumont, há uma chegada a ser feita, também um tracejado fora da rota, é um tracejado via GPS ou auxílios a navegação terrestres  que auxiliam a seguir um fluxo organizado dos tráfegos aéreos que chegam, há várias chegadas, então os pilotos são instruídos por uma, e preparam nos computadores e leem as cartas, onde esta está codificada na linguagem da aviação. Enquanto isso o serviço de bordo já está sendo concluído, você já recebe um speak dos pilotos falando que em breve estará pousando no Rio, com informação do tempo presente o tempo estimado para o pouso. Ao passar pela altitude de 10.000 pés ( 3.000 metros) o uso do cinto de segurança é obrigatório, então as luzes de atar os cintos são acesas. Após fazer toda a chegada será efetuada uma aproximação, está que é o procedimento final até o pouso, também existe várias e os pilotos são instruídos a qual ser feita. Ao pousar na pequena pista do Santos Dumont, o avião segue até o portão ou também FINGER, nome técnico daqueles tuneis que ligam o terminal ao avião, essa palavra significa  dedo. E os passageiros, antes dos pilotos desligarem os motores, já estão de pé, querendo sair do avião pois a reunião é em menos de 1h, e ao desligar os motores as portas são abertas, o desembarque é autorizado e tudo começa mais uma vez, como é uma ponte aérea o avião retornará para São Paulo, e depois voltará ao Rio, e depois São Paulo, Rio, São Paulo, troca a tripulação, e o avião passa a operar na mesma ou outra rota.
Isso foi o resumo do que é feito para um voo ocorrer, muita coisa não? Pois é, se não fosse todo mundo em conjunto seu voo demoraria muito mais para decolar.
Abaixo deixarei um vídeo de um voo da GOL de São Paulo para Florianópolis, mas parte do vídeo se passa em Porto Alegre, nele o comandante explica sobre o avião, a rota e os procedimentos durante o voo. O vídeo é um pouco antigo, foi bem no início da empresa, onde estava se acomodando no topo do transporte aéreo.



Por Fernando Dias



Fonte: Aviadores do Cariri



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