Olá senhoras e senhores, já se
perguntaram como um simples voo de 45 minutos ou mais, que você pega para
ir a uma reunião ou passeio, é planejado e executado? Como aquele pequeno voo
para acontecer precisa de várias pessoas trabalhando em conjunto, para tudo
está ao seu melhor conforto e alcance? Acho que alguns não devem ter a noção de
como é feita a preparação de um simples voo desse envolvendo tripulantes,
funcionários da empresa e coordenação de controle de trafego aéreo e
outras atividades. Está curioso? Vamos lá fazer uma pequena viagem lendo estes
procedimentos.
Vamos a um lugar bem movimentado onde
vários voos acontecem ao mesmo tempo, vários destinos, vários aviões em solo,
iremos dar um passeio na ponte aérea Rio-São Paulo, esta rota que existe a
muito tempo e que diariamente centenas ou milhares de pessoas passam, com o
objetivo de trabalho, passeio ou outra ocasião. Irei simplificar como sempre,
para não estender muito o assunto, e que para aqueles que não entendem bem,
possam compreender.
As companhias aéreas são bem
organizadas, partindo para a parte da tripulação, onde moram, como fazem para
chegar até o voo. Toda empresa aérea tem um aeroporto principal, este é como
sua sede, lá se concentra seu centro de escalas, conexões e maior parte de seus
escritórios, até mesmo seu centro de manutenção, este tem o nome de HUB, cada
empresa tem o seu, e não é só um, pode ser o quanto for necessário, até mesmo
fora do país. Mas vamos nos concentrar na tripulação. Todo piloto ou comissário
da empresa, tem uma base operacional, como vamos dar exemplo da ponte aérea,
vamos colocar a base no aeroporto de São Paulo, Congonhas. Bem antes do voo
partir, umas 3h antes, estes já estão se preparando para sair de casa, encarar
o transito como qualquer outro ser humano e ir ao seu “escritório” pois bem, a
tripulação não chega ao aeroporto e diretamente vai ao avião, assina papeis e
decola. Antes disso tudo ele chega ao aeroporto, geralmente 1 hora antes do
voo, onde verifica sua escala de voo, se irá dormir em outra cidade, qual rota
irá fazer, disso ele já sabe antes, mas checam pois pode ter ocorrido alguma
mudança, e quais os outros tripulantes irão lhe acompanhar. Dando referencia ao
Comandante, ele irá analisar a rota, São Paulo – Rio de Janeiro, equipamento,
Boeing 737-800, e verificar as condições meteorológicas, quais as pistas
previstas em uso, se há mal tempo na rota ou no destino, se será necessário
algum desvio. Também irá checar as informações aeronáuticas dos aeroportos que
irá operar, se tem restrições, pistas com suas demissões atuais, se há alguma
delas fechadas, entre outros. É bom lembrar que o copiloto pode fazer esta
função, o nome copiloto é apenas uma nomenclatura a um piloto da tripulação,
este tem o mesmo conhecimento sobre o avião como o comandante, pode pousar e
decolar, tanto sozinho como em caso de emergência, ele pode gerenciar todo o
voo no avião, fazer tudo e o comandante apenas auxiliar, a diferença de um para
o outro está somente na experiência, pois o copiloto também pode ser um
comandante, caso chegue a operar um avião menor, com outro piloto menos experiente.
Após todas essas verificações, o
comandante irá reunir toda a tripulação de seu voo e passar as instruções. Após
isto irá se direcionar a aeronave para preparar o avião. Antes de chegar ao
avião uma equipe em solo já limpou o avião, e o mecânico deixou o avião
ligado pronto para os pilotos assumirem, e prepararem seu voo.
Antes dos pilotos prepararem o voo, um
cara já faz isso, é o chamado DOV ( Despachante Operacional de Voo) esse também
tem um conhecimento específico da aeronave e planeja toda a rota, verifica
novamente as atuais condições meteorológicas em forma de códigos e imagens,
imprime e passa para os pilotos. Recebe também o peso previsto para o voo, e
este faz um calculo chamado peso e balanceamento, isto é fundamental para um
voo ocorrer, pois os pesos devem estar distribuídos de forma correta no avião,
calcula também o combustível a ser utilizado no voo, e que deverá ser
abastecido, calcula o tempo estimado, faz o plano de voo ( no caso de linha
aérea, existe um chamado RPL – plano de voo repetitivo, onde estes acontecem
com frequência pelo mesmo operador e equipamento com intervalo de no máximo 15
dias). Após tudo isso ele passa para o chamado pista, que é o encarregado de
entregar esta papelada aos pilotos e informar a equipe de solo os procedimentos
a serem concluídos e já concluídos. Enquanto você faz seu check-in tudo isto
está sendo preparado, as vezes o DOV adianta o seu planejamento do voo. Acho
que agora dá para entender que é necessário estar uma hora antes do voo no
aeroporto, e que 30 minutos antes da partida não se faz mais o check-in. Este
tempo pode ser reduzido, depende se todo planejamento já foi feito, pois como
falado acima precisa ser feito o peso e balanceamento do avião, caso esteja
incorreto isto pode resultar em tragédia. Então faltam 20min para o avião
iniciar o voo, é liberado o embarque, e os comissários já estão prontos, sendo
que o serviço de bordo já foi reabastecido, e o avião está limpinho esperando
seus passageiros. Enquanto isso já foi liberado o abastecimento de combustível,
acho que já está concluído, e então os pilotos recebem através do pista, antes
do embarque, toda a documentação do voo, informando quantidade de idosos, se há
necessidade especial como alguma pessoa recém operada, se haverá transporte de carga
de animais ou líquidos inflamáveis, e junto o peso do avião, para assim poder
configurar os computadores de bordo do avião, este tem várias nomenclaturas,
varia de fabricante.
Boeing 737-700 PR-GIG Sendo Preparado pela equipe de solo da PROVÔO Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo.
Então já que todo serviço de solo foi
feito, aguardando apenas o carregamento da bagagem e embarque dos passageiros,
os pilotos solicitam ao controle de tráfego aéreo a autorização do plano de
voo, no caso de São Paulo, é dividido, para autorizar o plano de voo os pilotos
chamam uma posição chamada Clearance no Inglês ou Tráfego no Português. Na
autorização do plano de voo, eles recebem a pista em uso, a saída
prevista, esta saída é um caminho a ser feito até chegar na rota, o nível de
voo, código transponder (este código cada avião recebe um antes do voo, para
que seja identificado no radar posteriormente) e a próxima posição a chamar e a
frequência da posição a ser chamada após a decolagem.
Embraer 195 PR-AYV sendo preparado pela equipe de solo da Quality Ground Handling
Quando todos embarcarem, os pilotos
recebem mais papeis informando as pessoas a bordo, e as informações de carga, e
combustível abastecido para a etapa, então o comandante assina, e o avião é
liberado, as portas são fechadas, os computadores são programados para a rota,
com o peso, combustível, rota, saídas, condições meteorológicas, velocidades e
outras funções. Após uns 5min ele está no ponto de espera ( nome denominado a
uma barra para aguardar outros tráfegos em pouso ou decolagem, esta barra é
pintada permanentemente no solo ).
Ao ser autorizado alinhar na pista e
decolar, os pilotos aplicam quase toda a potencia nos motores na curta pista de
Congonhas, e após segundos o avião está no ar, é anotado o horário da decolagem
e agora toda atenção dos pilotos é voltada a operação do avião, sendo que
óbvio, sempre que possível uma distração para se não se estressar.
Confiram o vídeo da decolagem de um
Airbus da TAM de Congonhas.
Depois disso todo o voo irá fazer a
rota coordenando com o controle de tráfego aéreo, onde está sujeito a mudança
de rota, esperas e mudanças de velocidades, ao se aproximar do destino, Rio de
Janeiro, aeroporto do Santos Dumont, há uma chegada a ser feita, também um
tracejado fora da rota, é um tracejado via GPS ou auxílios a navegação
terrestres que auxiliam a seguir um fluxo organizado dos tráfegos aéreos
que chegam, há várias chegadas, então os pilotos são instruídos por uma, e
preparam nos computadores e leem as cartas, onde esta está codificada na
linguagem da aviação. Enquanto isso o serviço de bordo já está sendo concluído,
você já recebe um speak dos pilotos falando que em breve estará pousando no
Rio, com informação do tempo presente o tempo estimado para o pouso. Ao passar
pela altitude de 10.000 pés ( 3.000 metros) o uso do cinto de segurança é
obrigatório, então as luzes de atar os cintos são acesas. Após fazer toda a
chegada será efetuada uma aproximação, está que é o procedimento final até o
pouso, também existe várias e os pilotos são instruídos a qual ser feita. Ao
pousar na pequena pista do Santos Dumont, o avião segue até o portão ou também
FINGER, nome técnico daqueles tuneis que ligam o terminal ao avião, essa
palavra significa dedo. E os passageiros, antes dos pilotos desligarem os
motores, já estão de pé, querendo sair do avião pois a reunião é em menos de
1h, e ao desligar os motores as portas são abertas, o desembarque é autorizado
e tudo começa mais uma vez, como é uma ponte aérea o avião retornará para São
Paulo, e depois voltará ao Rio, e depois São Paulo, Rio, São Paulo, troca a
tripulação, e o avião passa a operar na mesma ou outra rota.
Isso foi o resumo do que é feito para
um voo ocorrer, muita coisa não? Pois é, se não fosse todo mundo em conjunto
seu voo demoraria muito mais para decolar.
Abaixo deixarei um vídeo de um voo da
GOL de São Paulo para Florianópolis, mas parte do vídeo se passa em Porto
Alegre, nele o comandante explica sobre o avião, a rota e os procedimentos
durante o voo. O vídeo é um pouco antigo, foi bem no início da empresa, onde
estava se acomodando no topo do transporte aéreo.
Por Fernando Dias
Fonte: Aviadores do Cariri
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